Certezas que a chuva não tirou de mim

segunda-feira, 4 de novembro de 2013



                Uma breve caminhada na chuva. 600 metros. Descendo a rua. Subindo a rua. Casas escoando a água que caía do céu num ritmo constante, estável e com pingos espessos. As possas de água corrente eram inevitáveis no meu caminho. Água descendo e permeando meu tênis. Por trás -- na descida; pela frente -- na subida. Não me importei. A chuva estava intensa e fria, mas eu caminhei tranquilamente.
                O motivo da caminhada tranquila repousava nas certezas que eu tinha naquele momento: "Ao chegar em casa, estarei protegido." "Ao chegar em casa, poderei tomar um banho quente." "Em casa tenho roupas secas." "Poderei aquecer meus pés com panos secos, em casa."
                Finalmente cheguei, e antes mesmo de desfrutar de todos os confortos que estavam em minha mente, eu já me sentia confortável. Apenas por saber que a chuva não poderia invadir e transformar a seguinte realidade absoluta: tenho segurança em casa. Mesmo que a caminhada fosse maior, e mesmo que a chuva fosse ainda mais intensa, nada poderia alterar a certeza de que, ao chegar em casa, eu estaria confortável e livre dos efeitos indesejáveis daquela chuva forte.



                                         



                Comecei a comparar esta breve caminhada na chuva com minha caminhada pela fé. Os primeiros cristãos eram conhecidos como os "do caminho". E este tal caminho é estreito (Mt 7:14). Não é um caminho de confortos e facilidades. É um caminho que poucos trilham. Neste caminho, chove muitas vezes. O percurso pela estrada estreita já não é fácil de seguir sob céu claro. Seguir passo a passo neste caminho fica ainda mais difícil quando chove.
                Muitos ao seu redor, cheios de boas intenções, dizem que a chuva vai passar. Ou, nos casos em que a chuva já passou, os bem intencionados dizem que a chuva já não voltará mais. Eu não posso te assegurar disso. Na verdade, estou disposto a te garantir que as chuvas virão. Tempestades impetuosas. Jesus, o Mestre de todos "do caminho", que trilhou este mesmo caminho mais perfeitamente que todos os santos, nos garante que teremos aflições ao longo do percurso. Ele passou pelas piores tempestades possíveis, e o discípulo não é maior que seu mestre para querer viver de forma diferente (Jo 13:16; Jo 15:20).
                O alento que temos, no entanto, é a certeza de que logo estaremos em casa. A minha fonte de segurança durante uma tempestade física que caía sobre meu corpo físico era a certeza de que eu estaria em minha casa terrena em breve. Da mesma forma, devemos estar certos de que, em meio às tempestades espirituais que sofremos em nossa alma, não tarda nosso descanso eterno, em casas eternas e perfeitas, preparadas pelo próprio Mestre deste Caminho de Tempestades. Ele venceu neste caminho estreito.


                                       



                Jesus, ao vencer a maior de todas as tempestades na cruz, nos garantiu uma herança que não se desfaz, que não se deteriora.
                Se casas terrenas, que se desfarão em breve, são fonte de segurança para nós, quanto mais segurança temos amparados na promessa de que há um lugar para nós no Reino Eterno de Deus (Jo 14:3).
                Se a simples esperança de tomar um banho quente serve para me deixar em paz durante uma chuva deste mundo, quanto mais devo ter paz em meio às chuvas que tentam abalar minha alma, ao saber que fui lavado no sangue de Cristo, que me reconciliou com o Deus Criador de todas as coisas, Governador do Universo.
                Se a certeza de que roupas secas serão fonte de segurança para meu corpo terreno após uma tempestade passageira, quanto mais devo me gloriar na segurança da promessa de que, após todas as tormentas deste mundo, meu corpo será ressuscitado em incorruptibilidade (1Co 15:42) -- um corpo perfeito, sem limitações para adorar o Deus que me deu vida.
                Se panos velhos e rasgados têm o poder de aquecer meus pés após uma tempestade terrena, quanto mais aquecido eu serei pelo Sol da Justiça, que brilha sem cessar (Ap 22:5) na minha futura casa, na casa em que hei de chegar, após tantas quantas tempestades forem necessárias, no corpo ou na alma.
                De fato, não importam as tempestades, se temos a certeza de que logo estaremos seguros em casa.