Messias contra-cultural

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

           Paulo definiu a pregação do Messias crucificado como "escândalo para os judeus" (1Co 1:23). O povo judeu queria um salvador triunfante, cheio de autoridade política e poderes sobrenaturais que os beneficiassem. Eles queriam milagres, prosperidade, e sonhavam com um reino perfeito aqui mesmo, neste mundo. Parece familiar?
           Em nossa cultura moderna, pouco se fala a respeito da humilhação que Jesus sofreu. Assim como os judeus, muitos que se dizem cristãos, hoje em dia, se deixam levar por valores da cultura moderna que sobrepujam valores bíblicos. As evidências são incontáveis, porém vou dar um único exemplo. Pense nos filmes de maior sucesso, atualmente: super-heróis poderosos, imbatíveis, e bem-sucedidos em tudo o que fazem. O exemplo perfeito para retratar o pensamento moderno é o vingador mais amado e admirado do momento, o Homem de Ferro (gênio, bilionário, playboy, filantropo). Ele é a personificação do sucesso de acordo com nossa cultura.
           Mas e Jesus? Nos apresenta este mesmo modelo? Se você ainda não leu os evangelhos, ou alguma profecia messiânica nos Salmos ou em Isaías, vou deixar claro: nosso Messias é contra-cultural.


Os judeus queriam algo muito mais parecido com o Homem de Ferro do que com Jesus. E você?

           Jesus era feio, desprezado, e viveu uma vida de dores e sofrimentos (Is 53:2-3). Enquanto Cristo sangrava na cruz, o povo zombava dEle (Mt 27:39-43). Eles desprezaram e zombaram de Jesus com muita convicção, porque estavam com os olhos voltados para realidades carnais e temporárias. Isso os impediu de enxergar o valor gracioso da obra de Cristo (Rm 5:11; 2Co 5:18). Ele veio para ser triunfante sim, mas triunfante sobre a morte e sobre o pecado. Coisa que nenhum super-herói pode fazer, por mais admirável que seja. Para nos reconciliar com Deus, Cristo se fez como um de nós: um maldito pecador (Gl 3:13). E este é o único motivo para que, hoje, todo aquele que crê possa ser chamado santo (1Pe 2:9; Hb 10:10,14). De fato, os privilégios e as bençãos que Cristo conquistou por suas ovelhas são incontáveis (Ef 1:3).
           Cristo se fez o ultimo, para ser o primeiro, e nos dá a chance de fazer o mesmo ao vivermos num mundo caído cujos valores são totalmente distorcidos, pois só assim seremos luz do mundo e sal da terra. Não devemos nos contaminar com os parâmetros da cultura moderna porque, se Cristo não nos basta, muito menos bastará sermos gênios, bilionários, playboys e filantropos como o pobre pecador não-regenerado do Homem de Ferro.


Alegrar-se em Deus para frutificar

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

          Qual foi a ultima vez que eu me alegrei em Deus? É importante respondermos a esta pergunta de maneira sincera, e pensarmos muito bem antes de respondê-la. Graças a Deus, a vida cristã é uma vida ativa, e nos dá muitos motivos de alegria. Por exemplo, devemos louvar a Deus pelo fato de podermos fazer parte da edificação e do avanço de Seu reino aqui na Terra. Ou seja, nossas obras e nossos frutos, enquanto cristãos, são motivo de grande alegria para nós e com certeza para Deus também (Hb 13:16).
           Mas a pergunta não entra nos méritos de nossas virtudes. Ela diz respeito à pessoa de Deus, somente. A despeito de nossos feitos, de nosso testemunho, e de nossas conquistas, ainda é preciso ter claro em nossas mentes o quanto estamos nos alegrando pura e simplesmente no caráter do Pai, na obra do Filho, e no poder do Espírito Santo.
Existe uma relação interessante entre o quanto nos alegramos em Deus e o efeito disso em nosso testemunho cristão. E para entendermos melhor, vou recorrer a algumas fontes que, no mínimo, merecem alguma atenção:


“Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nEle.”
John Piper

Quando li esta frase do John Piper pela primeira vez, ficou mais fácil entender o relacionamento vivo para o qual Deus nos chama. E outras questões moldam este relacionamento: estou esperando algo acontecer para ser feliz ou a obra completa de Cristo me faz feliz aqui e agora? Eu conto vantagem com meu testemunho e minha fé ou glorifico a Deus por Sua graciosa salvação em meu favor? Meu coração está encontrando mais satisfação no sucesso e realização pessoais, ou na maravilhosa Graça de Jesus? Quando foi a ultima vez que parei tudo o que estava fazendo para simplesmente agradecer ao Pai por pertencer a Ele e por estar unido a Ele através de Cristo?



"Deus prefere adoradores a trabalhadores; de fato, os únicos trabalhadores aceitáveis são aqueles que aprenderam a arte da Adoração."
A. W. Tozer

 De acordo com Jr 9:23, o que realmente importa é conhecer a Deus, a despeito de nossa sabedoria, força, ou riquezas (conforme descreve o verso 22).

           Uma vez eu estava assistindo a uma pregação na internet. O tema era a santidade de Deus, revelada em Isaías capítulo 6, com a visão de Isaías do trono de Deus. O pregador leu a descrição dos anjos no verso 2, dizendo que cada serafim tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. A observação do pregador foi muito interessante: das seis asas, quatro eram para a adoração (cobrindo o rosto e os pés), e duas eram para o serviço (voando). Isso enfatiza a "necessidade" que um Deus Santíssimo tem de, em primeiro lugar, ser admirado, louvado, temido, adorado e, em segundo lugar, de ser servido.
É claro que Piper, Tozer e o referido pregador, estão sujeitos a falhas, assim como nós. Mas para enfatizar de uma vez por todas a necessidade que temos de nos alegrar em Deus e de nos manter confiantes e satisfeitos tão somente nEle, vou recorrer a mais uma citação, mas esta é digna de toda aceitação e impassível de falha:

"Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim."
Jesus Cristo (Jo 15.4)

Estar em Cristo é a única maneira que temos de amar e servir verdadeiramente, pois nossas maneiras próprias de amar e servir estão todas contaminadas pelo pecado. Sendo assim, tudo feito somente por nossas próprias forças, é vão. Só teremos frutos que permanecem, se permanecermos em Cristo.

           É triste ver pessoas lutando para amar a Deus, como que por uma obrigação, ao invés de simplesmente buscarem responder ao Amor Perfeito, se achegando a Cristo. O problema e a solução se resumem numa frase retirada de uma pregação: "o problema principal não é que eu não ame a Deus o suficiente, mas sim que eu não entendo o quanto Ele me ama".
           Devemos repensar nossa agenda cristã se estivermos enfatizando mais as obras do que a adoração a Deus. Que possamos, como João, reconhecer que só amamos porque Ele nos amou primeiro (1Jo 4:19).