Os primeiros cristãos não tinham sequer uma bíblia, e foram verdadeiros embaixadores de Cristo na Terra. Em nossos dias, nos sentimos incapazes de levar amor aos perdidos só porque não sabemos tocar um instrumento ou porque não sabemos teologia o suficiente.
O contraste das duas situações é muito grande. Este contraste me leva a concluir que o problema não está nos métodos, nos recursos, ou nas estratégias. O problema está na frieza do homem moderno. O problema está em sua presunção e sua dependência de incontáveis coisas, pessoas e situações, que não seu Deus. Mas tendemos a pensar que, se o ministério não cresce ou se a nossa vida não dá o fruto que pensamos que ela deve dar, a culpa é de nossos métodos limitados.
Esse pensamento humanista vai moldando nossas ações, como indivíduos e como igreja também. É simplesmente muito vívido e extremamente visível. Por exemplo, quando pensamos a respeito de como poderíamos servir melhor na igreja, já vamos logo pensando em aperfeiçoar nossos dons - se vou servir no louvor, estudo mais música; se vou servir no teatro, aperfeiçoo minha técnica, etc. Quando nos sentimos chamados ao campo missionário ou ao evangelismo, logo buscamos cursos que nos preparem, e que nos ensinem como ser missionários e evangelistas. São atitudes erradas? Não são erradas por si mesmas. Porém não podem ser atitudes certas se não estamos buscando a Deus com tudo o que somos, e dependendo dEle para cumprirmos nosso papel de servos de Deus neste mundo. Posso dizer que dependo, sim, de Deus para fazer qualquer obra que seja. Mas se, na minha vida prática, estou gastando mais tempo no aperfeiçoamento dos métodos do que na minha vida diária e íntima com Deus, talvez seja a hora de rever se estou vivendo aquilo que prego.
Podemos dizer que, ao nos preocuparmos com os métodos, estamos nos preocupando com um meio para atingir um fim. E o fim é salvar as almas. Okay. Muito nobre de nossa parte, não? O problema é que o único meio legítimo para atingir este fim é a ação sobrenatural do Espírito Santo. Podemos e devemos nos valer de estratégias. Mas sem a ação do Espírito Santo, nossos métodos apenas servirão para encher os bancos das igrejas de pessoas mortas espiritualmente.
E a grande verdade é que o Espírito Santo age mais quando nós aparecemos menos. Para entender o que eu quero dizer, é só se lembrar de João Batista, quando ele dizia que o ideal era mais notoriedade para Jesus e menos notoriedade para ele mesmo. Outro exemplo do Espírito Santo agindo mais quando nós aparecemos menos é quando Paulo diz que o poder de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza. João Batista e Paulo tinham métodos, com certeza. Mas os métodos eram meras consequências da obra sobrenatural que o Espírito Santo estava operando no íntimo desses homens fracos e dependentes de Deus.
Se, por algum motivo, você ainda pensar que homens de fé valorizavam tanto assim seus métodos e estratégias, lembre-se de que Paulo considerou como fezes de animal todas as coisas boas que o qualificavam para ser um cristão com os melhores métodos possíveis. Ele fez isso, não porque os métodos e estratégias eram coisas ruins, mas porque ele preferia depender do poder sobrenatural de Deus que se manifestava em sua fraqueza e inabilidade.
Enquanto dependermos destas coisas exteriores às quais os corações de homens como João Batista e Paulo não se apegavam, viveremos de muitas formas, menos da forma que eles viveram e que tanto almejamos. As dependências de métodos, situações, momentos, etc. são perigosas porque podem ser muito sutis e podem vir disfarçadas de uma preocupação legítima com a melhor forma de levarmos a obra de Deus a cabo. Mas não devemos nos enganar. Tais dependências mortificam a única dependência que o homem moderno, tal qual os primeiros cristãos, deveria viver: a dependência da graça e do amor de Deus, revelados em Jesus. Revelados na cruz.
1 comentários:
Muito bom texto mano, nos faz refletir mesmo! E vc comentando sobre os metodos, me lembrei de situaçoes em q vi alguns "metodos" sendo usado, mas q honestamente nao pareciam muito biblicos, parecia ate algo como o velho ditado: "os fins justificam os meios", algo q eu particularmente nao acredito de maneira nenhuma. Abraço, de um de seus xáras..haha. Deus continue a o abençoar e usar pra honra e gloria dEle!
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